Em vários momentos citei neste espaço as palavras EXTENSÃO e TESSITURA, mas sei bem que muitos não sabem a distinção entre essas duas palavras.
Pois bem, afim de que fique esclarecido a todos irei contribuir o máximo possível para que Extensão e Tessitura sejam compreendidas por vocês, caros leitores e amigos.
Sem mais delongas, vamos ao que interessa. A TESSITURA VOCAL refere-se ao conjunto de notas que uma pessoa consegue cantar sem esforços e com uma cor brilhante, ou seja, com qualidade. Exatamente por isso, a tessitura abrange menos notas que a extensão. A Tessitura de um determinado timbre será sempre a mesma para todos que possuirem esse timbre. Exemplificando: A tessitura do Tenor-ligeiro é Do2-Re4, portanto todos os tenores ligeiros tem tessitura Do2-Re4.
A EXTENSÃO VOCAL faz menção a todas as notas que uma pessoa consegue cantar, independentemente da qualidade, brilho e precisão de que essas notas são emitidas. Portanto, isso implica que Extensão abrange um maior número de notas frente a tessitura. Ao contrário da Tessitura, a Extensão Vocal varia de pessoa para a pessoa. Vamos tomar por exemplo o mesmo caso do Tenor-ligeiro. Se a Tessitura desse timbre é Do2-Re4 e obrigatoriamente todos os tenores-ligeiros irão possuí-la, a extensão cada um terá a sua, podendo sim em alguns casos coincidirem, mas não copiosamente. Exemplificando: Enquanto a Extensão de um Tenor-ligeiro é de Sol1-Sol4 a de outro Tenor-ligeiro será de Sol1-Mi4.
Basicamente a diferença se dá pelo fato da extensão ser todas as notas fisicamente emitidas pelo cantor, indepentemente da qualidade, e tessitura são as notas emitidas com mais qualidade. Um cantor sempre pode ultrapassar sua tessitura, mas nunca sua extensão.
Boa tarde!
terça-feira, 20 de março de 2012
Violão
O violão, também chamado de Guitarra Clássica em alguns países europeus, foi idealizado à primeira mão para a música erudita. Mas a longo prazo foi ganhando espaço na música popular sendo muito utilizado, "recentemente", em Bossa Nova, MPB, Flamenco, Ranchera e etc, e estando presente em quase todos os gêneros musicais populares. Porém o nome violão se dá pelo simples fato de colonização. Como em Portugal existe um instrumento similar à viola caipira, e que também se chama viola, os portugueses em contato com a então Guitarra Clássica (que parecia muito com as suas violas, porém pouco maior) decidiram batizar o instrumento no aumentativo de violão. Cômico, não é?!
Um violão normalmente possui 6 cordas, sendo elas de nylon ou de aço. Porém existe violões com configurações um pouco diferentes, como o violão de 7 cordas, o violão baixo ou baixolão de 4 cordas e o violão de 12 cordas, também chamado de craviola. No caso do baixolão as suas cordas são as 4 cordas mais graves do violão (Mi1, La1, Re2 e Sol2) uma oitava a baixo (Mi0, La0, Re1 e Sol1). No caso da craviola são cordas duplas afinadas em dueto.
O violão independentemente da quantidade de cordas, é um instrumento temperado, ou seja, possui os chamados "trastes" na sua escala. E geralmente é um instrumento acústico, pelo fato de seu "corpo" ser oco tornando-se assim uma caixa de ressonância. O violão na época em que foi concebido, isso ainda antes de Cristo, não possuia essa forma atual de "oito". Suas curvas não eram tão acentuadas, era um instrumento mais reto e ele era um pouco menor frente ao atual.
Nomenclatura:
Começando da direita para a esquerda, temos:
- Mão: Também chamada de cabeça, paleta ou Headstock. É onde encontram-se fixadas as tarrachas.
- Tarrachas: Chamadas também de cravelhas ou carrilhões. Responsáveis por permitir a afinação das cordas através da tensão.
- Pestana: Denominada também como capotraste ou Nut. É a peça que acomoda as cordas impedindo que estas se aproximem muito uma da outra, ou se afastem uma da outra. Também dá altura às cordas impedindo o "trastejo", que se dá quando a(s) corda(s) esbarram nos trastes provocando um som agressivo e metálico.
- Trastes: Peça responsável por delimitar a escala do instrumento. Como dito anteriormente, um instrumento que possui trastes na escala é chamado de instrumento temperado.
- Casas: É o espaço entre dois trastes, cuja função é variar a tonalidade da(s) corda(s) tencionada(s).
- Escala: É o período desde a pestana até o último traste no braço do instrumento.
- Braço: Onde encontra-se a escala, Tarrachas, Pestana e a Mão, citados anteriormente.
- Boca: Abertura situada na caixa de ressonância. Permite que a vibração das cordas e desta caixa, "fuja" transportada pelo ar na forma de nota musical.
- Rastilho: Estrutura estreita, de cor branca e de função similar à pestana, ou seja, ergue as cordas afim de impedir que estas provoquem o trastejo.
- Cavalete: Local onde as cordas serão fixadas afim de permitir e resistir à tensão exercida pelas tarrachas. É também o local onde o rastilho se encontra.
- Cordas: As maiores responsáveis pela sonoridade do instrumento, pois são elas que através da compressão exercida pelos dedos do violonista provocarão, pela vibração, a emissão das notas musicais.
As cordas de um violão, ao contrário do que muitos pensam, são contadas debaixo para cima, ou seja, da mais aguda para a mais grave, sendo assim temos:
1ª Mi3
2ª Si2
3ª Sol2
4ª Re2
5ª La1
6ª Mi1.
A afinação padrão do violão se dá em A440 (Lá 440 Hz).
Bom dia!
sábado, 10 de março de 2012
Órgão de Tubos
Desde o início do blog havia um enorme desejo de minha parte de falar um pouquinho sobre um dos instrumentos mais maravilhosos e mais antigos já existentes e pelo qual tenho um facínio exacerbado: o Órgão de Tubos.
Você poderá achar um pouco bizarro um instrumento receber o nome de "órgão", mas todos nós, na educação básica, aprendemos nas aulas de ciências que a palavra órgão significa instrumento.
A sonoridade tão particular deste instrumento, se dá pela passagem do ar dentro de tubos cilíndricos e metálicos de variados tamanhos, gerando assim as notas. Essas notas ao contrário do piano, ou mesmo do cravo, não diminuem a sua amplidão sonora (volume) gradativamente, mas se mantém inalterada até que o organista deixe de pressionar a tecla correspondente à essa referida nota. O tamanho de cada tubo corresponde à uma nota, sendo os tubos menores as notas mais agudas.
O órgão ao longo dos SÉCULOS, passou por algumas mudanças. "Originalmente" o órgão funcionava de forma hidráulica (a água pressionava o ar para que este exprimisse as notas) e não de forma pneumática (pressão somente do ar), como atualmente e foi muito usado pelo império romano. Esse modelo original (hidráulico) surgiu ainda antes de Cristo, no século III, e o modelo pneumático só começou a ser usado no século V. O órgão foi introduzido nas igrejas no século VII, tendo um "histórico" inigualável (posso dizer) na música sacra. Infelizmente não poderei informar as dimensões de um órgão, pelo simples fato de não terem um tamanho padrão. Um órgão pode ser uma caixa pequena na sala de estar ou um monumento do tamanho de uma casa de 4 andares no interior de uma catedral.
O som de um órgão é de uma beleza ímpar, principalmente no registro grave. De uma forma geral é de uma amplidão sonora extraordinária, fazendo-se imponente e notável não só por seu gigantesco tamanho, mas também pelo volume que seu registro pode emitir as notas. É um dos sons mais belos que já ouvi até hoje.
A diferença entre Organeiro e Organista: Organeiro é o "luthier" dos órgãos, ou seja, é aquele que fabrica o instrumento, considerado uma das engenharias mais complexas anterior à Revolução Industrial. Organista é aquele que executa sua performance no instrumento, que é extremamente complexa por exigir que o organista pressione os pedais e manuais simultaneamente.
Esta matéria foi escrita ao som do hino 365 - "Sol da minha alma" do hinário da Congregação Cristã do Brasil. Segue abaixo o referido louvor executado pelo jovem organista John Hong.
quinta-feira, 8 de março de 2012
Tipos de Baixo
J.D. Sumner (baixo superprofundo)
O baixo, como dito em máterias anteriores, é o timbre masculino mais grave. Há quatro tipos de baixos e nós iremos detalhar cada um destes:
Baixo Cantante: É um timbre típico dos baixos, possui igualdade de timbre nos registros e também é bastante hamônico. Comumente, um baixo cantante alcança Mib1/Re1 (não sendo uma regra, a extensão vocal varia de pessoa para pessoa).
Baixo Profundo: É um dos timbres mais graves do baixo, É um timbre metálico e não tão harmônico quanto o baixo cantante. Seu registro grave é um pouco lúgubre, ou seja, medonho. Um baixo profundo pode alcançar notas como Mi0 entre outras.
Baixo Superprofundo: Esse sim é o timbre mais grave e medonho dos baixos. É um timbre raríssimo e que está DUAS oitavas abaixo da média. O Superprofundo é como se fosse uma extensão do profundo com um registro grave muito extenso e uma voz um pouco áspera. Um Baixo Superprofundo pode emitir notas como Do0.
Boa tarde!
O baixo, como dito em máterias anteriores, é o timbre masculino mais grave. Há quatro tipos de baixos e nós iremos detalhar cada um destes:
- Os baixos:
Baixo Cantante: É um timbre típico dos baixos, possui igualdade de timbre nos registros e também é bastante hamônico. Comumente, um baixo cantante alcança Mib1/Re1 (não sendo uma regra, a extensão vocal varia de pessoa para pessoa).
Baixo Profundo: É um dos timbres mais graves do baixo, É um timbre metálico e não tão harmônico quanto o baixo cantante. Seu registro grave é um pouco lúgubre, ou seja, medonho. Um baixo profundo pode alcançar notas como Mi0 entre outras.
Baixo Superprofundo: Esse sim é o timbre mais grave e medonho dos baixos. É um timbre raríssimo e que está DUAS oitavas abaixo da média. O Superprofundo é como se fosse uma extensão do profundo com um registro grave muito extenso e uma voz um pouco áspera. Um Baixo Superprofundo pode emitir notas como Do0.
Boa tarde!
terça-feira, 6 de março de 2012
Tipos de Barítono
Thomas Hampson (barítono lírico)
Conforme o prometido irei postar sobre os barítonos, esmiuciando seguindo o mesmo sistema: do timbre mais agudo para o mais grave.
Barítono Lírico: O timbre típico do barítono. É expressivo, ou seja, faz-se notável, seus registros são igualmente timbrados de cor escura e aveludada. Ao contrário do barítono leggero, sua agilidade não natural nem tão pouco expontânea como este, porém é tão, ou até mesmo mais harmônico do que este.
Barítono Alto: É quase um barítono dramático, porém mais intenso e seus agudos mais seguros. Também é bastante expressivo, porém muito metálico o que traz a ele grande "amplidão" sonora e bastante vigor na emissão de suas notas agudas.
Barítono Dramático: É o timbre mais pesado, mais escuro e também mais metálico dos barítonos, seus registros são bastantes igualados com grande amplidão sonora e apoio nos graves. A tessitura de um barítono dramático vai desde o Fa1 ao Sol3.
Ainda fica pendente a matéria sobre os tipos de baixos, mas logo irei postá-la.
Boa noite!
Conforme o prometido irei postar sobre os barítonos, esmiuciando seguindo o mesmo sistema: do timbre mais agudo para o mais grave.
- Os barítonos:
Barítono Lírico: O timbre típico do barítono. É expressivo, ou seja, faz-se notável, seus registros são igualmente timbrados de cor escura e aveludada. Ao contrário do barítono leggero, sua agilidade não natural nem tão pouco expontânea como este, porém é tão, ou até mesmo mais harmônico do que este.
Barítono Alto: É quase um barítono dramático, porém mais intenso e seus agudos mais seguros. Também é bastante expressivo, porém muito metálico o que traz a ele grande "amplidão" sonora e bastante vigor na emissão de suas notas agudas.
Barítono Dramático: É o timbre mais pesado, mais escuro e também mais metálico dos barítonos, seus registros são bastantes igualados com grande amplidão sonora e apoio nos graves. A tessitura de um barítono dramático vai desde o Fa1 ao Sol3.
Ainda fica pendente a matéria sobre os tipos de baixos, mas logo irei postá-la.
Boa noite!
domingo, 4 de março de 2012
The Hoppers - Jerusalem.
The Hoppers é um grupo familiar de quarteto misto criado no final dos anos 50 e início dos anos 60 na carolina do Norte. Com o passar dos anos foi notável o aperfeiçoamento do grupo em especial do soprano Kim Hopper, casada com o tenor do grupo, Dean Hopper. Essa canção é uma das mais ousadas do grupo e agrada a muitos com preferência musical contemporânea. Nessa canção também é possivel deliciar de um Re4 explosivo e pesado de Kim Hopper. Dando crédito também ao contralto Connie Hopper, que sempre executa sua função com grande experiência, dona de um trimbe muito marcante harmoniza muito bem e canta seu registro grave com muita cor e peso. Claude Hopper (baixo), apesar de não cravar Dó's e Sí's canta sua notas com uma cor escura fazendo um papel discreto porém essencial no grupo. Essa canção tem uma belíssima letra falando de "Jerusalém, cidade de Deus".
Aproveitem o vídeo.
sábado, 3 de março de 2012
Tipos de Tenor
Depois de postar uma matéria falando sobre as vozes femininas e masculinas, decidi discorrer um pouco sobre os timbres masculinos. Vamos começar falando dos mais agudos para os mais graves, portanto nessa matéria iremos esmiuciar somente os tenores:
- Os Tenores:
Tenor Lírico-leggero: É o timbre intermediário que situa-se entre o Leggero e o Lírico. Uma voz agradável de se ouvir e acariciante, também é suave e menos consistente.
Tenor Lírico: É timbre típico do tenor. É apaixonado e expressivo, é aveludado e redondo. Possui uma notável igualdade entre os registros e uma beleza extraordinária nos legatos tornando a emissão mais espontânea.
Tenor Lírico- Spinto: É um tenor Lírico com algumas qualidades do drámatico, porém não é o Tenor Lírico-dramático. É um timbre mais pesado e intenso, embora suas características se aproximem do Tenor Lírico, ele é mais escuro e pesado que este.
Tenor Lírico-dramático: Ele possui as características dos dois timbre, diferentemente do Lírico-spinto que nada mais é que um Tenor Lírico mais pesado e magnificente. O Lírico-dramático é mais escuro e mais pesado que o Lírico-spinto, dando uma impressão de "maturidade".
Tenor Spinto: Trata-se de um tenor robusto como o tenor dramático, porém com uma extensão maior e mais metálico, esse metal se dispõe em toda a sua extensão.
Tenor Dramático: Um timbre raro, muito intenso e metálico, às vezes um pouco áspero. Uma voz com muito volume e uma grande extensão.
Aguardem mais matérias posteriores sobre barítonos e baixos.
Boa Tarde!
quinta-feira, 1 de março de 2012
Os timbres, ou naipes.
Como primeiro assunto teórico sobre vozes no blog, nada mais justo que especificar cada naipe e suas extensões. Como iremos falar de um modo geral sobre os timbres, iremos generalizar as extensões, haja vista que as extenções vocais variam de pessoa para pessoa. Vamos começar a discorrer o assunto do naipe mais agudo para o mais grave:
Soprano: O soprano é o naipe feminino mais agudo e consequentemente, o mais agudo que existe. São os sopranos que cantam as partes mais agudas e normalmente, a melodia principal no canto em coro misto. Sua extensão vai de Sol2 a La5 na música coral. Mas também a maioria dos sopranos podem alcançar notas na escala 6.
Mezzo-soprano: O meio-soprano, ou mezzo-soprano (no italiano), é o naipe mediano das mulheres que muitas das vezes são confundidos com os contraltos por serem mais encorpados que os sopranos e terem mais extensão na região central-grave. Isso geralmente cria um esteriótipo de que os mezzo-sopranos são graves, o que nem sempre é verdade. Os mezzo-sopranos geralmente possuem uma grande extensão vocal, podendo alcançar algumas notas agudas como um soprano. Os Mezzo-sopranos tem tessituras bem particulares, por isso prefiro não generalizar.
Contralto: Particularmente falando, é o timbre feminino mais belo e complexo de ser cantado. É também o naipe feminino mais grave e encorpado do que os demais. O nome contralto surgiu no séc. XX para abreviar o termo original: contratenus altus. A extensão vocal de um contralto pode ir de Re2 a Fa4, (não obrigatóriamente).
Tenor: Tecnicamente, é o timbre masculino mais agudo, como se fosse o soprano masculino. Sua tessitura vocal vai de Do2 a Do4, lembrando que tessitura não é o mesmo que extensão, tessitura é a "zona de conforto" dos timbres. Alguns tenores chamados de "1° tenor" podem alcançar agudos como Fa4, Sol4 e até mesmo La4 (em casos raros). Tenor vem do latim tenere que significa sustentar, pelo fato de que normalmente os tenores tem que sustentar as notas enquanto as outras vozes, ou naipes, mais graves adornam a melodia geralmente com alguns melismas, formando em alguns casos (acidentes) acordes bem harmônicos.
Barítono: É o timbre mediano dos varões, como se fosse o Mezzo-soprano. Para a desalegria de alguns barítonos, esse é o timbre mais comum entre os cantores. É também uma voz bem mais encorpada que o tenor e com mais facilidade de alcançar notas na primeira escala. A sua tessitura vocal fica entre Sol1 a Fa3 ou Sol3.
Baixo: Assim como o contralto, é o timbre que mais me facina. É o naipe mais grave e mais viril entre os homens. Os baixos naturais geralmente tem uma extensão que vai de Do1 a Mi3 ou Fa3, possuindo desigualdade nos registros.
Pelo fato da sonoridade do registro grave ser na região do peito, torna este um timbre imponente e grandioso possuindo uma coloração escura e agradável de se ouvir.
Nos arranjos para coro misto, o timbre Mezzo-soprano "desaparece", induzindo o mezzo-soprano à cantar na região do soprano ou do contralto, dependendo da região de conforto da cantora, ou seja, se ela possui mais conforto na região aguda ou central-grave e também do arranjo musical. O mesmo acontece com o barítono, unindo-se com o tenor ou com o baixo, também dependendo da região que o cantor possui mais facilidade para alcançar as notas.
Espero ter contribuido. Boa noite!
Assinar:
Postagens (Atom)